Menos gente ajuda, mas pesa mais o modo como se usam os recursos naturais do país.

A natureza agradece.

A organização ambientalista WWF estimou que o consumo humano já supera em 25% a capacidade de recuperação dos recursos naturais. O tamanho da população mundial é um dos fatores que influenciam essa equação. Com o ritmo mais lento do crescimento da população brasileira, a natureza agradece. Do ponto de vista de disponibilidade de recursos naturais, O Brasil tem uma situação confortável: em tese, poderia até dobrar a população atual sem ultrapassar a capacidade de recuperação de seus recursos naturais. Essa é uma situação transitória.  O impacto sobre o ambiente pelo medido menos pelo número e mais pelo padrão de consumo das pessoas. Se não presta atenção para a forma como se cuida dos recursos naturais, o Brasil pagará caro pela prosperidade em termos de preservação.

O modo predador com que o Brasil trata suas florestas é explicado pela necessidade de alimentar uma população mundial numerosa. Para isso não seria necessário avançar sobre a floresta Amazônica. A distribuição desigual da população também contribui para danos ambientais. A maior parte dos brasileiros vive nas proximidades do litoral. O resultado é que, pressionada desde que o português pisou no continente, a Mata Atlântica perdeu 93% de sua cobertura florestal nos último 500 anos. A superlotação nas cidades também cria problemas ambientais. A floresta está menos ameaçada no Amazonas do que nos estados vizinhos. Mas o fato de apenas 3% dos moradores de Manaus disporem de rede de esgoto é um legítimo desastre ambiental.

A ONU prevê que a população mundial só entrará em retração em 2050, ao atingir 9,2 bilhões de habitantes, um aumento de cerca de 37% em relação aos 6,7 bilhões atuais. Até lá, a renda per capita dos países em desenvolvimento deve crescer ao ritmo de 3% ao ano. Cada ponto porcentual de melhoria na economia desses países tem seu preço em recursos naturais. A saída de milhões de pessoas da pobreza, que é bem-vinda, pode ter efeito devastador para o problema. “A Terra só tem capacidade para suportar dois bilhões de pessoas com um padrão de consumo equivalente ao de um país rico”, disse a VEJA o demográfico americano Paul Ehrlich, autor do best-seller A Bomba Populacional. Novas tecnologias e fontes alternativas de energia podem amenizar o impacto, evidentemente. A descelaração do crescimento populacional no Brasil é uma boa notícia para o planeta.

Revista VEJA Editora Abril edição 2071 ano 41 nº30 – 30 de julho de 2008 – pag. 106

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